Para muitos brasileiros falar de dinheiro e finanças pessoais em público é quase uma ofensa, um tabu em nossa sociedade. São assuntos que assustam as pessoas, que pais e mães têm dificuldade para ensinar os seus filhos e que para muitos é um assunto que preferem não precisar lidar, até que seja tarde demais. Tudo começa no orçamento pessoal e familiar.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, 77.8% dos brasileiros estavam endividados no fim de 2023 e a previsão é de que este número aumente para quase 80% até o fim de 2024.
Podemos nos aprofundar nas razões pelas quais o brasileiro médio possui dificuldade com o controle financeiro, décadas de inflação astronômicas, baixa educação financeira, instabilidade econômica e política.. mas este não é o meu objetivo com este guia. Se o seu objetivo for culpar o Sistema e continuar na situação em que se encontra, talvez este não seja o seu lugar. Agora, se você quer começar a mudar a sua situação atual e buscar a liberdade financeira, este guia pode te ajudar.
Vou mostrar por onde começar, como montar um acompanhamento mensal de suas despesas e começar a planejar a sua liberdade financeira.
1. Como acompanhar as suas despesas mensais
Ter uma rotina de acompanhamento das suas despesas é mais importante do que qual ferramenta você pensa em utilizar. Um caderno, uma aplicativo, uma planilha de Excel ou um Google Sheets, todas estas opções podem funcionar. O importante é que para você seja fácil de acompanhar e registrar as despesas e que você se mantenha engajado no seu orçamento pessoal.
Ao longo dos anos fazendo o meu próprio acompanhamento, aprendi que para mim um sistema super complexo não funciona, pois, pela complexidade, perco o engajamento. Em contrapartida, não pode ser um acompanhamento offline, pois gosto de atualizar sempre que possível, tanto pelo computador, quanto pelo celular. Então um acompanhamento em um caderno também não funcionaria.
O que encontrei que é a medida perfeita é um acompanhamento em Google Sheets, onde consigo customizar de acordo com a minha necessidade, mas sem se tornar muito complexo. E ao mesmo tempo consigo sempre manter tudo atualizado, até mesmo pelo celular.
AQUI você pode fazer uma cópia GRÁTIS de uma planilha modelo.
2. Separe as suas despesas em categorias
Para ter uma boa visibilidade de suas despesas e um diagnóstico claro, é importante que você as classifique em pelo menos 7 grandes categorias, sendo elas moradia, transporte, alimentação, lazer, saúde, educação e animais de estimação (se houver). Na planilha que eu disponibilizei, você encontrará o que deve conter em cada categoria, como por exemplo em moradia, você poderá consolidar as despesas de aluguel, condomínio, luz, água, gás, IPTU, TV a cabo e Internet.
Vale ressaltar que as categorias precisam estar de acordo com a sua realidade. Por exemplo, se você identifica que a Alimentação é um problema, que tem ocupado mais de 30% de seu orçamento mensal e que dividir entre, por exemplo, Mercado, Delivery e Restaurantes, te ajudará a manter um melhor controle de suas despesas, faça esta quebra.
3. Tudo bem, mas como eu sei se o meu orçamento pessoal está bem equilibrado?
Ótima pergunta!
As categorias apresentadas anteriormente podem ser consolidadas em Custos Fixos, aquelas de natureza imprescindíveis na vida de uma pessoa, Custos Variáveis, aquelas que você opta em gastar para lhe trazer um conforto ou prazer, porém não necessárias. E por fim, obviamente Investimentos, aquele valor mensal que você buscará investir e construir um patrimônio.
Na internet você encontrará diferentes proporções entre estas 3 naturezas. Talvez o mais famoso entre eles é o 50/30/20, popularizado através do livro All Your Worth: The Ultimate Lifetime Money Plan por Elizabeth Warren, onde 50% das despesas devem ser de Custos Fixos, 30% Custos Variáveis e 20% Investimentos.
Eu já não gosto de me fixar tanto nesta simples regra, pois é preciso entender o cenário de cada pessoa. Por exemplo, se você não tem nenhum patrimônio investido, nem mesmo uma reserva de emergência, 30% de seu orçamento dedicado a conforto e lazer é uma irresponsabilidade com o seu eu do futuro.
Neste momento da sua vida, você terá de fazer sacrifícios. Você frequenta uma academia? Deixa eu te contar uma novidade, correr no parque é de graça. Você possui um(a) diarista? Acorde 30 minutos mais cedo e faça você mesmo. Talvez você não goste de escutar isso, mas confie, é para o seu próprio bem.
Por outro lado, se você é capaz de investir mais de 20% de seu orçamento por mês, por que não? Não faz sentido passar a ter uma vida de gastos desnecessários, se você é capaz de investir mais e alcançar a sua liberdade financeira mais cedo.
Logo eu criei uma versão do 50/30/20 flexível, de acordo com a sua maturidade financeira. Para a sua maturidade financeira vamos adotar quantos meses de salário você tem investidos. Por exemplo, se você possui um salário de R$2.000 e não possui nada investido, você ainda é Financeiramente Imaturo. Se você possuir pelo menos R$12.000 investidos, ou seja 6 meses de salários, você está em Amadurecimento. E se você possui mais de R$24.000, ou seja, mais de 12 meses de salário, você entrou na fase de Financeiramente Maduro.
Custos Fixos | Custos Variáveis | Investimento | |
Financeiramente Imaturo | 50% | 0% | 50% |
Amadurecimento | 50% | 10% | 40% |
Financeiramente Maduro | 50% | 15%-30% | 20%-35% |
4. Montei o meu orçamento pessoal… mas e agora?
A parte difícil já passou! Você começou a dar os primeiros passos para um futuro incrível.
Agora é começar a acompanhar as suas despesas todos os meses e entender se o seu realizado está de acordo com o planejado. É neste momento que você começará a ver o valor do planejamento financeiro e vai perceber algumas coisas como: “nossa, eu achava que gastava R$100 por mês com assinaturas, mas estou gastando mais de R$300 todos os meses. Vou cancelar alguns serviços que não estou usando”.
Espero que este guia possa ter te ajudado na sua jornada financeira. Neste post agora, explico a diferença entre Aposentadoria e Liberdade Financeira.
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